quarta-feira, 2 de junho de 2021

 

Água só

O Julinho via os pais
sofrendo de fazer contas
e contas que  não chegavam
para as despesas da casa.

E via a mamãe cortar,
do já minguado orçamento,
coisas que achava tão boas
e que a maioria comprava.

Via o papai sair cedo,
mas nunca o via chegar,
porque papai vinha tarde,
procurando mais trabalho
para melhorar seu pouco.

E via desvanecer-se
seu sonho de, pelo menos,
ter um pouquinho do muito
que alguns de seus coleguinhas
podiam sempre mostrar.

Notava os pais concentrados
em preocupações maiores
para que ao menos tivessem
um pouco mais para viver.

Julinho, embora pequeno,
chama a mamãe e lhe pede
que o ajude a rezar,
pedindo.. pedindo o quê?

Que Deus fizesse que eles
pudessem ser como as plantas,
que ficam alegres, bonitas
só com água, todo dia.



(Nota do Editor: Esta poesia e a anterior, datilografadas, tinham a anotação à mão acima: "Infantil". Possivelmente, o autor estaria guardando para um próximo livro infantil, pois não constam no que foi publicado.)


(Agosto de 1981)
 

694 - 

Diálogo
Borboleta, borboleta

Borboleta, borboleta,
faça um favorzinho a mim;
vá buscar minha chupeta
que esqueci lá no jardim!

Vou e volto num instante,
com muito prazer até,
neste meu voo elegante,
mais depressa do que a pé

Aqui está, lindo bebê,
mas deixe que a mamãezinha
a dê, limpinha a você,
depois de bem lavadinha.

Muito, muito agradecida,
você foi mesmo um amor!
Volte sempre, sim, querida,
como se eu fosse uma flor!

                                          (4 de junho de 1992)


Nota do Editor: Esta poesia e a seguinte no blog, de nº 694, datilografadas, tinham a anotação à mão acima: "Infantil". Possivelmente, o autor estaria guardando para um próximo livro infantil, pois não constam no que foi publicado.




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Borboleta colorida,
de voo macio e incerto,
não fique longe, perdida,
faça seu voo aqui perto!

                                        (06/06/1991)

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A borboleta bonita
Vinha me ver, todo dia.
Brincando no meu jardim,
Voava leve e ligeira
À espera de quem lhe abrisse,
De par em par, a janela.
Então ela entrava.

Pintada em suas asinhas,
A borboleta bonita
Trazia em cores de sonhos,
O retrato da alegria.
E ia despejando
Alegria em todo canto.

Esvoaçando "bom dia"!
Deixava no seu bailado,
No palco leve do ar,
Que enchia todo o meu quarto,
Uma esperança singela,
Singela como era ela,
De um dia de tudo bem!

                            (Continua - 1963)


 

693 - 

terça-feira, 1 de junho de 2021

 

692 - 

O contestador

Pra você, tudo vai mal;
em sua casa, aqui fora,
o seu ontem, o seu agora,
são sempre da mesma cor,
a cor da falta de fé,
da eterna inconformidade,
com o que faz a autoridade
mesmo achando a coisa certa.

Você confunde atitudes
e pensa que ser adulto 
é ter sempre um bom insulto
firmemente preparado.
Pra você vai tudo bem,
desde que este tudo exista
pelo seu ponto de vista,
que visa apenas você.

Na sua dura investida,
você não faz concessões
e só aceita as razões
que seus interesses ditam.
Você mistura doutrinas,
copia procedimentos,
que depois vai repetir,
sem bases justas, reais,
porque busca, sempre mais,
armazenar o seu ódio,
sua inautenticidade
em montar numa verdade
que, honestamente, ignora!

Pra você, tudo vai mal
quando falta ao seu redor
tudo aquilo que é melhor
só no seu pobre entender.
Pra você tudo vai bem,
quando ninguém contraria
a sua esquizofrenia,
seu permanente achar-ruim.

Será que nunca na vida
lhe falaram de bom senso,
de que neste mundo imenso
há muito mais que você?
Que aqui em nosso país
há tanto o que realizar
e não se pode parar
no eu-só que você é?

As críticas são aceitáveis,
mas quando bem ponderadas,
nunca estereotipadas,
visando só destruir.
Com tantas reclamações,
você confunde os protestos
e ofusca os que são honestos
e úteis de aparecer!

Procure ser mais sincero
em sua apreciação,
e fique na posição
que lhe pareça mais justa.
Não finja, diga o que pensa,
você verá como é imensa
a sua satisfação!

Estude o melhor possível
os caminhos desta vida,
escolha bem a medida
que vai pôr na opinião.
Uma falha pequenina
se agiganta e até fulmina,
se falta ajuda sincera.

Meça bem suas palavras
até para elogiar,
aqui fora ou no seu lar,
é preciso ser sincero!

Não diga "tudo vai mal",
só pra compor a canção.
Pense na repercussão,
fale o que for só verdade.
O povo canta e, no canto,
também vai sua mensagem.
Calcule bem a dosagem
do que você vai dizer.

Areje seu pensamento
e fale com honestidade.
Abra caminho à bondade,
que ela inunde nossa vida!
Proteste quando o protesto
for o caminho acertado,
mas, de modo ponderado,
sem o exagero da ofensa!
E não procure esconder
o seu reconhecimento,
se o tal acontecimento
tem, realmente, valor!

Dê mais força à sua voz,
valorize o seu protesto,
mas deixe o trabalho honesto
no seu lugar, que é da honra!


(Setembro de 1979/Abril de 1998)

 

691 - 

Dia das Mães


NOSSO PRESENTE


Mamãe!

Nenhum de nós esqueceu
Que, hoje, o dia é todo seu,
Que é dia só de alegrias...
Se estamos de mãos vazias,
A mamãe sabe por quê...

Mas temos para lhe dar,
Os nossos coraçõezinhos
Transbordantes de carinhos!

Não lhe trazemos pacotes
De presentes muito caros,
Com laços e laçarotes,
Objetos lindos, caros!...

Que quem não tem bom dinheiro
Faz sacrifícios pra dar!...

Mas temos para a senhora,
Abraços bem apertados
E tantos beijos guardados,
que nunca irão se acabar!!

                            
                                      Zélia - Iberê - Rui - Renatinho - Inês

                                             13 de maio de 1956


 

690 - 

Topless


Saiu tranquila, macia,
da água que, embora fria,
se aquecia ao seu calor.
E mostrou seu lindo busto
que me deu, primeiro, um susto
e, depois, me encheu de amor!

Cobertos só de beleza,
balançavam com firmeza,
se mostravam sem receios!
Que grande meu privilégio,
seria até sacrilégio
não amar tão lindos seios!

Por fim, de pé, soberana,
deusa de Copacabana,
com dois lenços coloridos,
com graça e com rapidez,
ela deixou, de uma vez,
os dois seios protegidos!

                           
                                       Niterói, 1984
 

689 - 

 

Nota do Editor: Aqui, textos em prosa do autor, brincando com trocadilhos. Sem títulos:



Cidadezinha lá do interior de Mato Grosso tem sistema diferente para a venda e compra de carros: a placa nem tem importância, quase que vale só para enfeitar. O importante mesmo é que, na lataria, bem visível, conste a data em que a compra se efetuou.
Há apenas duas revendedoras na cidade e os vendedores se incumbem de colocar as pessoas que não saibam, qual o verdadeiro perigo: comprar um caro que não traga estampada a data do negócio. Eles ensinam, para evitar problemas, procurar sempre ter certeza de que se está comprando um auto... de data!

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Estranhei a princípio, depois tive de rir. O caboclo na mesa ao lado da minha pediu ao garçom bife com batatas nervosas. E o garçom, na maior naturalidade, trouxe para o moço: arroz, feijão, bife e batata... aflita!

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Meu amigo é crente. Quando chegou a hora de eu ir para a minha igreja - eu sou católico - ficou um problema. Não podia ficar com ele, porque ou ia para a minha Missa ou teria de ir com meu amigo... ao culto.
 

688 - 

APRESENTAÇÃO DO BLOG

Família de Guimarães Nato, nome profissional do jornalista e escritor Renato Guimarães (1924 - 2000), inicia agora o blog com as poesias, prosas e demais textos literários e diversos outros que ele deixou. (15/02/2018)

A família de Guimarães Nato, nome profissional do jornalista e escritor Renato Guimarães (1924 - 2000), inicia agora o blog com as poesias,...