Água só
O Julinho via os pais
sofrendo de fazer contas
e contas que não chegavam
para as despesas da casa.
E via a mamãe cortar,
do já minguado orçamento,
coisas que achava tão boas
e que a maioria comprava.
Via o papai sair cedo,
mas nunca o via chegar,
porque papai vinha tarde,
procurando mais trabalho
para melhorar seu pouco.
E via desvanecer-se
seu sonho de, pelo menos,
ter um pouquinho do muito
que alguns de seus coleguinhas
podiam sempre mostrar.
Notava os pais concentrados
em preocupações maiores
para que ao menos tivessem
um pouco mais para viver.
Julinho, embora pequeno,
chama a mamãe e lhe pede
que o ajude a rezar,
pedindo.. pedindo o quê?
Que Deus fizesse que eles
pudessem ser como as plantas,
que ficam alegres, bonitas
só com água, todo dia.
(Nota do Editor: Esta poesia e a anterior, datilografadas, tinham a anotação à mão acima: "Infantil". Possivelmente, o autor estaria guardando para um próximo livro infantil, pois não constam no que foi publicado.)
(Agosto de 1981)
694 -
Nenhum comentário:
Postar um comentário