A prostituta
Ao vê-la, hoje, em plena decadência,
Sem mais nenhum valor, sem evidência,
No próprio meio que você escolheu;
Eu sinto júbilo e me compadeço,
De ver que, agora, você paga o preço
Do mal que, outrora, você cometeu!
Pelo falso prazer que a seduzia,
Sua dignidade e alegria
Sua saúde... tudo se acabou!
Você podia ser muito feliz...
Mas preferiu tornar-se meretriz...
E eis o fim a que você chegou!
As suas lágrimas não me comovem;
Não há desculpas em você que provem
Que a sua sorte é injusta, imerecida.
Quando você desistiu de ser honesta,
Esteve na caminhada mais funesta
Que uma mulher pode trilhar na vida!
Você teve um reinado ao seu alcance,
Podia ser rainha de um lance,
Viver feliz, num lar, pleno de amor!
Mas, preferiu trair, ser infiel,
Representar ridículo papel,
Sem meditar no fim, pleno de horror!
E, hoje, lixo da sociedade,
Você bem mostra que foi, na verdade,
Perversa, má, traste que se refuta!
E o seu castigo é viver desprezada,
É ser, somente, ainda, procurada,
Na triste condição de prostituta!
(Rio, 1947)
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