terça-feira, 30 de maio de 2023

Moço, eu venho do Nordeste,

Onde existe a sede, a peste

Que expulsa a gente de lá!

A seca que traz a fome,

Que tudo, tudo consome,

O tudo que já não há!


Quem mora aqui na cidade

Não sabe a calamidade

Que a falta de chuva faz!

Não conheço descrição

Que conte com exatidão

A miséria que ela faz!


Nota do Editor: Sem título e sem data, mas na sequência do ano 1953. E há esta outra versão, também sem título e data, e a indicação final de que seria continuada:


Moço, eu venho do Nordeste,

Onde a seca, onde essa peste

Enxota a gente de lá.

A seca que traz a fome,

Que tudo, tudo consome,

O tudo que já não há!


A seca que desespera,

A seca, terrível fera

Que ainda ninguém matou.

A seca que, se não mata,

Açoita, como chibata,

Deixando-nos, como estou!


A seca que nos obriga

A deixar a terra amiga

Que não pode produzir,

Rachada, empedernida,

Nossa riqueza sem vida,

E o homem a sucumbir!


A sede, a fome, oh! martírios,

E os consequentes delírios

Que temos constantemente.

Tão frágeis como crianças,

Dormimos sem esperanças

De um dia subsequente!

                                 (Continuará)


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