Moço, eu venho do Nordeste,
Onde existe a sede, a peste
Que expulsa a gente de lá!
A seca que traz a fome,
Que tudo, tudo consome,
O tudo que já não há!
Quem mora aqui na cidade
Não sabe a calamidade
Que a falta de chuva faz!
Não conheço descrição
Que conte com exatidão
A miséria que ela faz!
Nota do Editor: Sem título e sem data, mas na sequência do ano 1953. E há esta outra versão, também sem título e data, e a indicação final de que seria continuada:
Moço, eu venho do Nordeste,
Onde a seca, onde essa peste
Enxota a gente de lá.
A seca que traz a fome,
Que tudo, tudo consome,
O tudo que já não há!
A seca que desespera,
A seca, terrível fera
Que ainda ninguém matou.
A seca que, se não mata,
Açoita, como chibata,
Deixando-nos, como estou!
A seca que nos obriga
A deixar a terra amiga
Que não pode produzir,
Rachada, empedernida,
Nossa riqueza sem vida,
E o homem a sucumbir!
A sede, a fome, oh! martírios,
E os consequentes delírios
Que temos constantemente.
Tão frágeis como crianças,
Dormimos sem esperanças
De um dia subsequente!
(Continuará)
808 -
Nenhum comentário:
Postar um comentário