segunda-feira, 11 de outubro de 2021

 

Feminilidade


A Lua atrevida
tentava sair de um negro biombo
que as nuvens formavam.
E o céu sem estrelas,
tão pobre de azul,
fazia torcida
pra Lua atrevida
furar o negror
que entristecia o mar.

A Lua correu,
pulou quanto pôde,
buscando uma brecha
por onde passar,
mas, ficou cansada.
As nuvens cresceram,
ganharam mais peso,
aumentaram o tapume
e dominaram a vontade da Lua.

Mas, só aparentemente.
Mesmo suplantada,
comprimida, empurrada,
a Lua seguiu lutando.
E sua arma de mulher bonita
foi às lágrimas.

Chorou sua claridade sobre as nuvens
e, com o seu calor,
desfez aos poucos toda aquela massa.
Depois, radiante,
inteira, clara,
pôde assistir cada vez mais forte,
em céu mais limpo
e com seu séquito de estrelas,
o campo imenso, imensamente livre,
para seu brilho solto!


(Nota do Editor: Esta poesia, datilografada, tinha a anotação à mão acima: "Versos tranquilos". Possivelmente, o autor estaria guardando para um próximo livro temático, que não foi publicado. Sem data e local)


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