A minhoca de sorte
Muito séria, pensativa,
Certa minhoca dizia:
"Parece que serei viva,
Apenas por este dia!"
De fato, havia motivos
Para tal suposição,
Pois três franguinhos ativos
Ciscavam por todo o chão
Entrou num buraco fundo,
Ficou lá, quieta e calada.
Quis despedir-se do mundo,
Sem ver nem ouvir mais nada!
Mas, chorava a pobrezinha,
Lastimando a sua sorte...
Já com a vida tão curtinha!
Já bem pertinho da morte!
Passou péssimos momentos
Com medo de ser achada;
Todos os seus pensamentos
Lembravam-lhe uma bicada...
Mas, vindo à tarde, os franguinhos
Foram todos pro poleiro,
Deixando, alegre, aos pulinhos,
A minhoca, no terreiro
Que, com muito cuidadinho,
Tratou de fugir dali.
Foi pro quintal do vizinho...
E... nunca mais eu a vi!!...
(Rio, 1947)
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