Veio o vento
e abanando com força
dissolveu o comício das nuvens.
Com a vinda do sol, eu a vi,
sorridente, sair para a praia.
Era minha oportunidade de sempre
e fui no seu rumo.
À distância, fugindo ao perigo de ser visto,
olhos colados na minha deusa,
fui seguindo um a um seus movimentos.
Primeira sensação: a blusa transparente
que tirada, lentamente,
deixou à mostra, tentadores,
os mais lindos seios encobertos.
Vê-los livres também seria sonhar demais!
Como se estivesse só na praia,
natural nos movimentos, meiga, atraente,
soltou a amarra que prendia a saia,
e se mostrou na sua beleza provocadora,
fazendo-me vibrar em meu desejo mais forte.
Cobriu, depois, a ternura de seus olhos
com o xxxx de duas lentes negras (Ilegível)
que ficaram vaidosas de se encostar
em um rostinho tão lindo.
Outro privilégio foi de sua esteirinha,
que, posta carinhosamente sobre a areia,
acolheu seu corpo, fazendo-me inveja
de xxxxx tão atrevido. (Ilegível)
Depois de rápidos gestos ajustando os cabelos,
deixou-se estregar ao calor do sol,
numa carícia que lhe era bem familiar,
a medir pelo bronzeado que já lhe dera.
Sempre à distância,
sonhando ser o sol um dia,
para aquecê-la, queimá-la
com o calor de meu desejo,
desci mais perto,
estrategicamente mais perto,
podendo vê-la gratificantemente.
Passados alguns momentos,
sua tranquilidade foi tolhida
por um vigoroso atleta de praia.
Mal chegou
e a um simples "oi!"
ela se ergueu para sentar-se
e puxou o visitante, delicadamente,
para postar-se a seu lado.
À distância não podia ouvi-los,
mas pelos sorrisos
pude perceber que se entendiam,
e como! Para tristeza minha.
Dentro em pouco
já não falavam só,
mas, de mãos dadas,
se puseram tão juntos
que chegaram aos beijos!
O companheiro carinhoso
a fizera xxxxx tudo à volta (Ilegível)
e das palavras e carícias,
o jovem par foi correndo
para um convívio seu.
Era meu único receio,
pensei nele longos dias,
todos os dias em que, apaixonado,
desejei abraçar aquela menina-moça,
tentação de meus dias de velhice
em que a idade, no entanto,
não colhera meu desejo fogoso.
Corri também para o mar,
e muito discretamente
pedi-lhe como amigo, que me ajudasse.
E apesar do jovem atleta,
quem não poderia suspeitar,
por tantos cultivos evidentes,
pude através das xxxxxx
no seu vai e vem, nervoso,
abraçar aquela moça
tantas vezes quantas quis.
E me sentir,
de certa forma, feliz!
(Nota do Editor: Este texto estava todo manuscrito e tendo muitas palavras ilegíveis. Fiz grande esforço para decifrar muitas delas, de modo a encontrar sentido geral. Mas esse trecho final, de fato, ficou ainda mais inelegível e confuso.)
(19 de fevereiro de 1980)
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